Figura singular na trajetória da arte contemporânea brasileira, Antonio Dias (1944 - 2018) é autor de uma obra multimídia, carregada de engajamento social, político, ironia e sensualidade. Com curadoria de Felipe Chaimovich, o público poderá conferir de perto suas instalações, pinturas, filmes e trabalhos em outros suportes na exposição Antonio Dias: derrotas e vitórias, em cartaz até 21 de março de 2021, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
"Ao falecer, em agosto de 2018, Antonio Dias reunira uma coleção das próprias obras que recobria toda sua trajetória artística. O conjunto compunha-se tanto de peças de que ele nunca havia se separado, como de outras recompradas de terceiros para quem tinham sido vendidas. Tratava-se, pois, de uma representação de si mesmo intencionalmente construída, mantida e guardada", explica o curador.
Antonio Dias solidificou sua pesquisa estética na década de 1960. (Foto: Divulgação)
Paraibano de Campina Grande, Dias aprendeu técnicas de desenho com seu avô paterno. No final da década 1950, trocou sua cidade natal para viver no Rio de Janeiro e lá trabalhou como artista gráfico. Em 1964, na Escola Nacional das Belas Artes, foi aluno do artista Oswaldo Goeldi (1895-1961), quem lhe ensinou os processos da gravura. Ainda que ao passar dos anos tenha se afastado das composições figurativas com fundo negro, características explícitas nas obras de Goeldi, o artista conservou consigo os trabalhos de seu período de formação.
Discussões políticas são traços marcante nas obras de Antonio Dias, a exemplo dos trabalhos gráficos, produzidos entre 1964 e 1968. Tomado pela urgência de se opor à Ditadura Militar, o artista participou da coletiva Opinião 65, icônica mostra organizada em 1965, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, pela jornalista Ceres Franco e pelo galerista Jean Boghici, que estabelecia contraponto entre a produção nacional e estrangeira a partir de pesquisas recentes em torno das novas figurações.
Antonio Dias foi um expoente na revolta contra a ditadura militar no Brasil. (Foto: Divulgação)
"À primeira vista, são pinturas inconciliáveis com tal linguajar - certamente mais que as do período anterior, com seus fragmentos explicitamente corpóreos agitando a superfície dos quadros e frequentemente adquirindo tridimensionalidade", explica o crítico de arte Sérgio Martins, em texto para o catálogo da exposição.
Antonio Dias. (Foto: Divulgação)
Em Antonio Dias: derrotas e vitórias, as pinturas, desenhos, instalações e filmes apresentados revelam, também, temas existenciais recorrentes na pesquisa do artista e conferem o caráter testemunhal à sua obra. "Portanto, a coleção que ele formou de si mesmo é uma síntese única, tanto pelo percurso que organiza ao longo das várias fases, como pela declaração dos valores éticos norteadores de sua arte", conclui o curador.
Serviço:
Antonio Dias: derrotas e vitórias
Curadoria: Eder Chiodetto
Visitação: de 13 de outubro de 2020 a 21 de março de 2021
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)
Horários: terça à domingo, das 12h às 18h (última entrada às 17h30)
Telefone: (11) 5085-1300
Domingo Gratuito
Ingresso: R﹩ 20 (inteira) e R﹩10 (meia-entrada para estudantes e professores, mediante identificação) Gratuidade para menores de 10 e maiores de 60 anos, pessoas com deficiência, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, agentes ambientais, da CET, GCM, PM, Metrô e funcionários da linha amarela do Metrô, CPTM, Polícia Civil, cobradores e motoristas de ônibus, motoristas de ônibus fretados, funcionários da SPTuris, vendedores ambulantes do Parque Ibirapuera, frentistas e taxistas com identificação e até quatro acompanhantes Os ingressos disponibilizados online www.mam.org.br/ingresso
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