Uma centena de pessoas trans se formaram no primeiro semestre deste ano pelo programa Transcidadania, da Prefeitura de São Paulo, que estimula o prosseguimento dos estudos com o objetivo de ampliação de oportunidades para o ingresso no mercado de trabalho.
Um público que tem como parte de sua rotina grandes dificuldades, como situações de violência – a maioria se arrisca trabalhando nas ruas (a expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de 35 anos, segundo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais - Antra), preconceitos e discriminações, inclusive dos próprios familiares, pais, mães e irmãos, que as obrigam a sair de casa, por não aceitarem como são.
Mesmo assim, na noite de sexta-feira, 30 de junho, na Praça das Artes, centro de São Paulo, receberam o diploma de conclusão do programa, das mãos da coordenadora de Políticas LGBTI+, Léo Áquilla, da secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Soninha Francine e da secretária da Cultura, Aline Torres.
Duas ex-participantes do programa Transcidadania contaram suas experiências durante a cerimônia.
“Temos inteligência e eficiência para estar em qualquer lugar e é isso mesmo que quero dizer pra vocês: que é difícil, mas lutem e não desistam. Depois de concluir o ensino médio conheci uma pessoa que me ajudou e patrocinou os meus estudos para me formar em Direito. A pandemia veio para piorar a situação, mas persisti e venci, e estamos vencendo", contou Athena Joy.
Durante os dois anos no Transcidadania, as participantes concluíram o ensino fundamental ou o médio pelo EJA (Ensino de Jovens e Adultos) em escolas públicas indicadas pelo programa (a matrícula é condição para receber a bolsa-auxílio mensal de R$ 1.386,00). Também participaram de oficinas, cursos de idiomas, palestras sobre cidadania e direitos sociais, tiveram acesso a espaços de cultura a que normalmente não teriam condições de ir, e, por intermediação junto a empresas e órgãos públicos, conseguiram se recolocar no mercado de trabalho.
Luta por emprego
Um dos maiores desafios para pessoas trans é o ingresso no mercado de trabalho formal. Algumas ex-beneficiárias do programa Transcidadania conseguiram emprego na própria Prefeitura de São Paulo: nos Centros de Cidadania LGBTI+, onde são atendentes, assistentes sociais e coordenadoras; em Unidades Básicas de Saúde; no atendimento ao público nas sedes do Descomplica (que reúne em um único local diversos serviços municipais) e trabalham em escolas municipais.
ska Santos Silva.
“Sou uma das beneficiárias do Transcidadania e a escola é o melhor caminho. Isso é só um apoio para que a gente consiga alcançar diversas opções. Por meio do Transcidadania fui trabalhar no SUS (Serviço Unificado de Saúde) e estou me preparando para ser assistente social porque amo cuidar e ajudar as pessoas. O projeto Transcidadania é uma oportunidade única”, disse Helen Rodrigues de Almeida.
Clique aqui e saiba mais sobre o Transcidadania.
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